06 de Dezembro de 2017
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"Contaminação ambiental, de quem é a responsabilidade?" - por Cândida Zanetti

Cândida Zanetti (Foto: Divulgação)

Atualmente, os prejuízos ambientais oriundos da falta de tratamento e manejo inadequado da produção animal são incalculáveis e preocupantes. O crescimento da demanda por produtos de origem animal, resultado do aumento do consumo interno e da exportação de carnes, tem ocasionado à exploração intensiva de animais que são agrupados em grande número, produzindo grande quantidade de dejetos em áreas pequenas, criando problemas tanto para seu tratamento e disposição, quanto de poluição ambiental (CAMPOS et al, 2002). No Vale do Taquari a produção confinada de aves e suínos é significativa. Essas produções vêm acompanhadas da geração de grandes quantidades de dejetos animais.

Conforme o Atlas das Biomassas do Rio Grande do Sul o Vale do Taquari tem uma geração anual de 2,5 milhões de toneladas de dejetos de suínos 1,9 milhões de toneladas de dejetos de aves e 912 mil toneladas de dejetos bovinos. Além dos dejetos animais, o Vale se caracteriza pela produção de resíduos industriais, principalmente frigoríficos que geram efluentes durante o abate e processamento de carnes. Verifica-se que a região detém cerca de 33,3 mil toneladas anuais de biomassa proveniente do abate de bovinos, incluindo sangue, rúmen, resíduos de graxaria e lodo de estação de tratamento de efluente. Proveniente das indústrias de abate de suínos é estimado que a região produza anualmente em torno de 59,7 mil toneladas. Além disso, cerca de 36 mil toneladas anuais de biomassa são geradas em laticínios (leite vencido e lodo de estação de tratamento de efluentes). Oriundo do abate de aves (sangue, vísceras e lodo) são estimadas 188,8 mil toneladas ao ano (KONRAD et al, 2016).

Especificamente no caso da suinocultura, dados do IBGE (2017) referente à Produção Pecuária Municipal contabilizavam em 31 de dezembro de 2016 um efetivo superior a 1 milhão de suínos no Vale do Taquari. Um estudo da EMBRAPA aponta que cada suíno adulto produz em média 7 a 8 litros de dejetos líquidos/dia (Esterco + urina + água). Sem um manejo adequado os dejetos suínos apresentam alta capacidade poluente e, em termos comparativos, é muito superior a de outras espécies. Diagnósticos recentes têm demonstrado um alto nível de contaminação dos rios e lençóis de água superficiais que abastecem tanto o meio rural como o urbano.

Contudo, a responsabilidade pela produção desses dejetos não pode ser somente do agricultor, as integradoras, indústrias e os próprios consumidores precisam assumir sua coparticipação. O atual modelo de desenvolvimento econômico preconiza o crescimento da produção e do consumo de proteína animal, no entanto, o mercado busca cada vez mais baratear o custo desses alimentos. Como consequência desse cenário, o dejeto é literalmente varrido para debaixo do tapete e na maioria dos casos fica sob a responsabilidade do agricultor que acaba assumindo sozinho as exigências dos órgãos fiscalizadores.

Então, se você gosta e aprecia uma costelinha de porco, se no final de ano vai comemorar com um leitão assado, lembre-se da sua participação na geração de dejetos e resíduos, seja pelo menos um consumidor consciente.
Boas festas!!!

CAMPOS, A. T.; FERREIRA, W. A.; JÚNIOR, J. L.; ULBANERE, R. C. Tratamento biológico aeróbico e reciclagem de dejetos bovinos em sistema intensivo de produção de leite. Revista de Ciência e Agrotecnologia. Lavras (MG), v. 26, n. 2, p. 426-428, 2002.
KONRAD, O. et al. Atlas das biomassas do Rio Grande do Sul para produção de biogás e biometano. Lajeado: Ed. da Univates, 2016.

Cândida Zanetti - Bacharel em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial (UERGS) e Mestre em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS). Atualmente Assessora Territorial de Inclusão Produtiva do CODETER VT.

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