08 de Março de 2019
  • Zero Hora
  • Marta Sfredo
  • P. 12
  • 24.00 cm/col

Suspeitas reforçam falta de gestão na CRM

A operação policial que expôs uma suposta fraude em licitações para transporte de resíduos da queima de carvão provavelmente seja um dos flocos de cinza que cercam a Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Ao longo das últimas décadas, sucederam-se no comando da estatal ex-prefeitos, ex-deputados, deputados com mandato que precisavam ser acomodados como ocorre agora no impasse da Secretariado Desenvolvimento.

Atualmente, a empresa existe para atender a apenas um contrato, com a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), estatal federal de futuro incerto, porque também está cercada de prejuízos. Houve uma sucessão de fechamento de usinas abastecidas a carvão. Primeiro, duas antigas na Região Carbonífera, a de São Jerônimo e a de Charqueadas. Depois, duas outras do Complexo Presidente Médici, também da CGTEE. Restou a última sobrevivente.

O contrato de fornecimento de carvão precisou ser reduzido em 60%. As perdas da empresa vêm se sucedendo velozmente: R$ 18,2 milhões em 2015, R$ 37,7 milhões em 2016 e R$ 31,8 milhões em 2017. Ainda não se conhecem os dados do ano passado, mas o padrão é o agravamento das perdas.

Embora o Estado ainda busque aproveitamento racional de suas imensa jazidas de carvão - o polo carbonífero é a principal -, faltam recursos e interesse de investidores no segmento. O mais recente movimento foi a venda da participação da alemã Eneva em uma "concorrente" da CRM, à mineradora privada Copelmi.

Assim como o governo do Estado necessita apoio para aprovar a dispensa de plebiscito para privatizar a CRM, a Sulgás e a CEEE, precisa mudar seu comportamento na gestão das estatais remanescentes. A acomodação política deriva para gestões descompromissadas com o futuro dessas empresas. Há sinais de que isso começa a acontecer.