16 de Outubro de 2017
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Governo do RS planeja concluir extinção de fundações até o fim do ano, após aval do STF

Decisões do TRT impediam fechamento enquanto não fosse realizada negociação coletiva prévia com servidores. Porém, liminar do ministro Gilmar Mendes autoriza governo a dar continuidade ao processo, que deve ter início ainda em outubro.

Extinção de fundações foi aprovada na Assembleia no fim do ano passado, mas processo estava parado por decisões da Justiça do Trabalho (Foto: Reprodução/RBS TV)

Com aval do Supremo Tribunal Federal (STF), a extinção de seis fundações públicas, uma autarquia e uma companhia estadual voltou a ser prioridade do governo do Rio Grande do Sul, que tem pressa. Nesta segunda-feira (16), o Palácio Piratini, em Porto Alegre, teve uma série de reuniões para afinar a condução do processo, coordenado pelo secretário de Planejamento, Governança e Gestão, Carlos Búrigo.

"Sempre foi prioridade do governo. Já estamos trabalhando, agora com autorização legal, para dar continuidade nos processos burocráticos, jurídicos, e finalizar essas fundações", afirma Búrigo ao G1.

A intenção do Piratini é transferir os serviços executados pelas fundações que serão extintas para outras secretarias e iniciar os desligamentos dos servidores até o fim deste mês. Ainda não foi definido, no entanto, como será a incorporação das atividades e a ordem dos desmontes.

Extinção de fundações no RS gera polêmica e prevê demissões; entenda

A extinção das fundações foi aprovada em dezembro do ano passado, durante a votação do pacote de ajuste fiscal encaminhado pelo governo à Assembleia. Ao enviar o projeto ao Legislativo, o Piratini justificou que o objetivo era promover cortes para enxugar a estrutura do estado, que atrasa pagamento de salários desde o ano passado e já decretou calamidade financeira por conta da crise.

Votação sobre extinção de fundações proposta pelo governo gaúcho foi acompanhada com protestos na Praça da Matriz (Foto: Rafaella Fraga/G1)

Em janeiro deste ano, o fim das instituições foi publicado no Diário Oficial do Estado. Porém, o processo estava suspenso por determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), que impedia o fim das entidades enquanto não fosse realizada uma negociação coletiva prévia com os servidores.

As decisões se referem à Fundação Zoobotânica, Fundação de Economia e Estatística (FEE), Metroplan, Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), Fundação Piratini, responsável pela emissora TVE e pela Rádio FM Cultura, além da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) e da Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag).

Na última terça-feira (10), uma liminar assinada pelo ministro Gilmar Mendes acolheu ação da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e suspendeu todos os processos judiciais que condicionavam o fechamento das fundações, da SPH e da Corag às negociações coletivas.

Após a aprovação na Assembleia Legislativa, a rescisão deveria ocorrer no prazo de até 180 dias. Porém, com as determinações do TRT, o trabalho ficou parado, sendo retomado agora.

"Foi importante para o governo. Era um processo que estava parado, desde as decisões judiciais, e agora temos 180 dias para concluir o fechamento das fundações", explica Búrigo.

"O nosso foco é terminar esse trabalho o quanto antes possível, até o fim do ano. Isso demonstra o interesse de tornar o estado mais leve e mais enxuto".

Estimativas do governo apontam que as extinções das fundações, da SPH e da Corag, resultariam em cerca de 1,3 mil demissões.

Governo agiu de má-fé, diz sindicato

Procurado pelo G1, o Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa e de Fundações Estaduais do RS (Semapi), que representa a maior parte dos servidores que correm risco de demissão, informou que vai recorrer da decisão.

"Nós recebemos com bastante surpresa essa decisão, porque o governo Sartori agiu de má-fé. Porque no momento em que estávamos negociando, quando havia proposta na mesa pra tratar da questão, o governo foi ao STF", considerou Mara Luzia Feltes, uma das diretoras da entidade e funcionária aposentada da FEE.

"Nós vamos recorrer e vamos resistir", completou a servidora.

Em nota enviada à imprensa no dia seguinte à liminar do STF, a Frente Jurídica em Defesa das Fundações afirmou que o governo gaúcho nunca teve a intenção de negociar com os servidores.

"Foi obrigado a fazê-lo por decisão judicial. Ao longo das conversações mantidas, mesmo diante de propostas mais vantajosas para o erário, por razões ideológicas, nunca se demoveu do objetivo de promover as demissões compulsórias daqueles empregados que imagina não estáveis", diz o texto.

TCE também analisa questão

Em 6 de setembro, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) levou a plenário a questão da extinção das fundações estaduais. Na ocasião, após o voto do conselheiro-relator, Cezar Miola, os conselheiros Pedro Figueiredo e Estilac Xavier pediram vista do processo, para melhor analisar alguns aspectos.

O relator, conselheiro Cezar Miola, votou pela suspensão das extinções da Fundação Zoobotânica, Fundação Piratini, Fundação de Economia e Estatística, Metroplan, Fundação de Ciência e Tecnologia e Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos.

Ainda não há previsão de retorno do processo à pauta das sessões plenárias.

Votação do pacote do governador Sartori ocorreu no fim do ano passado na Assembleia Legislativa do estado (Foto: Divulgação/ALRS)