02/12/2019 Correio do Povo | correiodopovo.com.br Geral Peixes mortos são encontrados no Arroio Dilúvio Dezenas de animais boiavam, amontoados na margem Lambaris, carás, traíras. Pela segunda vez em menos de duas semanas, peixes mortos foram encontrados no Arroio Dilúvio, na manhã desta segunda. Na avenida Ipiranga, no cruzamento com a avenida João Pessoa, dezenas de animais boiavam, amontoados na margem, dividindo espaço com sacolas, garrafas e embalagens plásticas que costumam ser jogadas por quem passa na região. Não é a primeira vez que o fenômeno ocorre em Porto Alegre. Em maio deste ano fato semelhante ocorreu no trecho, repetindo situações de 2010 e 2016, por exemplo. "Não sei como ainda tem peixes ali", disse a aposentada Alcione Vargas, 67 anos, que passava pelo local. A bióloga Soraya Ribeiro diz que, mesmo não sendo um ambiente em equilíbrio, o local possui o desenvolvimento de vida, o que torna "comum" a presença de animais. Inclusive, não é raro encontrar "pescadores" tarrafeando à beira do arroio. No dia 21 de novembro, técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) estiveram na barreira ecológica, local onde os foram encontrados diversos peixes mortos, para fazer a vistoria. Na ocasião, a Secretaria atribuiu "à decomposição da matéria orgânica" como causa das mortes. Segundo o projeto "Diagnóstico e monitoramento ambiental do Arroio Dilúvio (eixo Ipiranga)", concebido pelo Instituto do Meio Ambiente da PUC no início de 2019, o lançamento de efluentes com elevada carga orgânica compromete a qualidade ambiental em sentido amplo, impactando a fauna de peixes. O coordenador do IMA, Nelson Ferreira Fontoura, acredita que o mais provável é que os níveis de oxigênio da água foram caindo durante a madrugada devido ao calor. "Um fenômeno bastante frequente, vai ter incidência de morte de peixes normalmente ao longo da madrugada em noites quentes", explica Fontoura, que apontou, após a primeira ocorrência, que mais casos aconteceriam durante o verão. Não demorou duas semanas. Em nota, A Smams informou que o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) coletará hoje amostras de água no Arroio Dilúvio para tentar identificar a causa da morte dos peixes. De acordo com a pasta, uma das causas pode ser a falta de oxigênio na água devido à decomposição da matéria orgânica, proveniente principalmente do despejo de esgoto de forma irregular. A Secretaria também destacou que outros fatores que podem estar são alterações de temperatura e do pH da água. "Uma mortandade pode ter causas naturais, ser resultante de atividade antrópica ou ser causada por uma combinação de fatores naturais e antrópicos", diz nota. Ainda conforme as informações da Smams, o manancial recebe, desde sua nascente, em Viamão, contribuições de esgoto, especialmente pelas ocupações irregulares. Ao longo e acima da avenida Ipiranga o cenário se repete, com áreas irregulares que contribuem com esgoto e descarte de resíduos. A Ecobarreira do Dmlu e da Safeweb já recolheu quase 600 toneladas de resíduos desde 2016 na Capital. "Além disso, o DMAE está realizando obras de implantação de redes coletoras de esgoto no sistema de esgotamento sanitário Ponta da Cadeia que impactam diretamente na bacia do arroio Dilúvio. A ligação de esgoto na canalização correta é responsabilidade do morador, sendo fundamental a participação da população. Em muitos locais a rede de esgoto cloacal passa em frente ao imóvel e a casa não está ligada corretamente. Nesses casos, se o usuário tiver dúvida, deve contatar o Dmae para solicitar a avaliação."