28/06/2020 Correio do Povo Educação Pg. 10 Cem dias longe da sala de aula O decreto estadual que fechou escolas e universidades suspende, desde o dia 19/3, o ensino regular presencial em todos os níveis A partir desse mês, a volta é restrita a estágio obrigatório e atividade prática essencial para a conclusão de curso, pesquisa e uso de laboratório, assim como cursos livres, seguindo protocolos. Mas o desafio do ensino à distância persiste e ainda não há data de retorno às atividades presenciais em todo o RS. Ao completar 100 dias dos decretos que paralisaram as aulas no país, o balanço é de um inusitado e grande desafio, que persiste. Seja para desenvolver aulas remotas, estruturar e oferecer ensino a distância de qualidade e universal, seja para o retorno presencial com segurança, ainda sem data definida no RS. E tem, ainda, questões objetivas a enfrentar, como ajustar calendários letivos, recuperação e avaliação de conteúdos. O Ensino Superior desponta na retomada presencial no Estado, mas com limitações. A volta é restrita a estágio curricular obrigatório e atividades práticas de ensino essencial para conclusão de curso, pesquisa e em laboratórios, envolvendo em torno de 41 mil alunos. E cursos livres – profissionalizantes, de idiomas, artes, pré-vestibulares e similares – também poderão retomar, atendendo aos protocolos do Estado, atingindo cerca de 100 mil alunos. De forma gradual e obedecendo a rígidos regramentos, os acadêmicos que precisam cumprir horas de estágios e aulas práticas, não possíveis de modo virtual, já estão sendo vistos nos campi universitários. Na Univates, em Lajeado, a próreitora de Ensino, Fernanda Pinheiro, diz que o retorno presencial de alguns cursos de graduação e técnicos da área da saúde começou dia 15/6. “São atividades cruciais para alunos que estejam prestes a se formar e ocorrem com grupos pequenos, de quatro e cinco alunos, com todas as medidas de segurança cabíveis.” ESTÁGIO OBRIGATÓRIO Na Universidade de Passo Fundo (UPF), a volta foi na mesma data, para alunos dos dois últimos anos do curso de Medicina e do último ano dos cursos de Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia, que retomaram o estágio curricular obrigatório. No último dia 22/6, retornaram os demais cursos cujas disciplinas com créditos práticos tiveram as atividades suspensas, em vista da impossibilidade de adaptação ao estudo remoto. MÁSCARAS E ÁLCOOL GEL Para viabilizar o retorno na UPF, foram realizadas adequações estruturais, como instalação de dispensers de álcool gel em todo o entorno de onde vão ocorrer as aulas e reforço na desinfecção de ambientes, um movimento que ocorre nas demais instituições. Na PUCRS, em Porto Alegre, foi definido o fornecimento de máscaras e protetores faciais para profissionais que trabalham no campus e a medição de temperatura no acesso aos prédios, entre outras orientações. O curso de Medicina foi o primeiro a retornar, no dia 17/6 e outros estágios na área de saúde em 22/6. Já as aulas práticas dos demais cursos serão retomadas parcialmente a partir de segunda-feira (29/6), conforme a organização de cada disciplina, não havendo uma data específica para a volta linear de todas as atividades. A diretora de graduação da PUCRS, Adriana Kampf, explica que há áreas cujos campos profissionais seguem de modo remoto e outras com ações presenciais essenciais não pararam, mas estavam com atividades de ensino suspensas até o momento, apenas agora se tornando viáveis. Já na Unijuí, com sede em Ijuí e campi em Santa Rosa, Panambi e Três Passos, desde o dia 19/3 está sendo cumprido o calendário acadêmico dos cursos presenciais de forma on-line e as primeiras práticas iniciaram em 24/6 para os cursos de Agronomia e Engenharia Civil. AVALIAÇÃO VIRTUAL Na Ulbra, com sede em Canoas, as disciplinas 100% teóricas têm término previsto, no calendário regular, até 18/7, com todos os processos avaliativos por meio virtual. E as disciplinas teórico-práticas, que não podem ser substituídas por atividades remotas, serão recuperadas conforme determinações legais. O 2° segundo semestre acadêmico terá início no dia 27/7. Já na Uniritter, o próximo semestre começará em 17/8. No centro universitário, com sede na Capital e campi em Canoas e Porto Alegre, atividades acadêmicas e avaliações serão mantidas de forma remota até 30/6 e a retomada gradual presencial será a partir de 1°/7 para os cursos de graduação com disciplinas práticas obrigatórias. ATENÇÃO DIFERENCIADA Na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, as atividades práticas começaram dia 15/6, mas com atenção diferenciada a cada aluno integrante do grupo de risco e seu núcleo familiar. Para o 2° semestre, a pró-reitora de Ensino, Angelita Gerhardt, diz que, pela situação epidemiológica, o distanciamento social deverá ser mantido por algum tempo. “Mesmo assim, estamos preparados para o retorno parcial”, afirma. E o reitor, Cleber Prodanov, esclarece algumas medidas para o retorno. “Já sabemos o limite que teremos em cada sala, laboratório e estabelecimento comercial instalado no campus e, a partir de mudanças no layout, organizamos todos os espaços para receberem 50% da capacidade.” A Unisinos, com campi em São Leopoldo e Capital, ainda não definiu a volta e, para evitar aglomerações, segue no ambiente virtual. Segundo a instituição, a realização das atividades práticas presenciais essenciais está condicionada aos protocolos do governo e dos órgãos reguladores. FEDERAIS Nas instituições federais de Ensino Superior (Ifes), onde atividades práticas na área da Saúde continuaram acontecendo, as discussões sobre as aulas virtuais ocorrem de forma diferenciada. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) lançou, dia 23/6, a plataforma UFSM em Rede, voltada a facilitar o ensino, tanto para o professor como para o aluno, enquanto não houver o retorno presencial, previsto para 14/7. Também a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) desenvolve aulas remotas, desde 22/6, na graduação e pós-graduação, seguindo o Calendário Alternativo. As demais atividades presenciais estão suspensas até 30/6, mesma data prevista na Universidade Federal do RS (Ufrgs), que está trabalhando na definição do Ensino Remoto Emergencial (ERE), a ser apresentado para deliberação pelo Conselho Universitário (Consun). A Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) suspendeu o ensino presencial de graduação e pós-graduação e avalia a realização de aulas à distância. E outras Ifes ampliaram as datas de retorno presencial, como a Unipampa, em 20/7, e a Furg, que anunciou a suspensão de aulas presenciais por mais 90 dias, o que estende o prazo para o final de setembro. A instituição deve encaminhar, para aprovação dos Conselhos Superiores, o conjunto de diretrizes acadêmicas gerais para as atividades educacionais emergenciais.