18/11/2020 Zero Hora Notícias Pg. 21 Entenda como funciona o 5G DSS oferecido na Capital Nos últimos meses, Claro e Vivo disponibilizaram experiência com a nova tecnologia em alguns bairros de Porto Alegre As operadoras de telefonia móvel colocaram o 5G definitivamente no radar dos consumidores brasileiros. Nos últimos meses, as empresas vêm direcionando suas propagandas para chegada da tecnologia, informando aos clientes que eles já podem usufruir de experiência de conectividade superior à até então disponível. Mas como isso é possível, se o leilão da faixa de frequência de 3,5GHz, que será destinada à quinta geração, só deverá ser realizado pela Anatel em 2021? Isso ocorre porque o serviço oferecido pelas operadoras atualmente é o 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, na tradução da sigla em inglês). Essa tecnologia permite o compartilhamento das frequências de 3G e 4G já existentes no país, possibilitando que seja oferecida uma velocidade de conexão maior e latência (tempo que os dados demoram para ser transferidos) menor do que no 4G tradicional. Em Porto Alegre, Claro e Vivo já começaram as operações neste formato em alguns pontos da cidade. Diretor de marketing da Claro, Márcio Carvalho compara a tecnologia a uma rodovia, como a freeway. O 5G DSS é fruto de melhorias nas faixas já existentes. Ou seja, reflete investimentos que vêm sendo feitos na atualização da infraestrutura, o que possibilita compartilhamento de frequências existentes. Já o 5G puro, previsto somente após o leilão, virá com a construção de novas pistas para tráfego. Isso demandará ainda mais investimentos das empresas em antenas. - O 5G, com o potencial transformador que todo mundo fala, vai ser construído ao longo do tempo. O 5G DSS é mais um passo nessa caminhada, ele é 12 vezes mais rápido do que o 4G convencional - constata Carvalho, frisando que, com o 5G definitivo, a velocidade poderá ser incrementada em até 40%. Locais Na Capital, a Claro começou a disponibilizar a tecnologia neste mês e pretende levá-la a 25 bairros até o final do ano. Os locais que receberão o sinal são: Moinhos de Vento, Bela Vista, Mont Serrat, Jardim Europa, Petrópolis, Higienópolis, Três Figueiras, Chácara das Pedras, Boa Vista, Rio Branco, Passo d´Areia, São João, Floresta, Centro, Auxiliadora, Menino Deus, Praia de Belas, Independência, Vila Ipiranga, Bom Jesus, Santana, Navegantes, Cidade Baixa, Azenha e Farroupilha. Em mais da metade dos bairros já é possível utilizar a conexão, segundo a operadora. Já a Vivo iniciou o serviço em julho e atualmente tem estrutura para disponibilizar o 5G DSS em três pontos da cidade: no bairro Moinhos de Vento, na avenida Carlos Gomes e no Shopping Iguatemi. A reportagem de GZH tentou contato com porta-voz da empresa, mas a assessoria de imprensa disse que não havia disponibilidade de agenda. Após o leilão, que deverá ser realizado no início de 2021, será preciso um "ecossistema" para que a tecnologia evolua de modo massivo, informou por meio de nota. Para conseguir acessar a rede 5G DSS, o usuário precisa estar nas áreas de cobertura já disponibilizadas pelas operadoras e ter um smartphone compatível com a tecnologia 5G. Não há necessidade de mudar de plano ou de chip. No momento, são poucos os telefones que se encaixam neste perfil no Brasil e a oferta está restrita principalmente ao segmento premium das fabricantes, com preços entre R$ 2.999 e R$ 13.999. Verdadeiro 5G só após leilão Ainda que o serviço de 5G DSS oferecido atualmente prometa melhor desempenho em relação ao 4G tradicional e ao chamado 4.5G, especialistas em tecnologia enfatizam que no Brasil a experiência do 5G só poderá ser sentida em sua totalidade após o leilão da faixa de frequência de 3,5GHz. A Anatel deverá realizar a concorrência voltada ao 5G no primeiro trimestre de 2021. - Só vamos ter o 5G verdadeiro depois do leilão, porque é quando teremos condições estruturais e técnicas para oferecer o serviço. Sem a nova frequência (de 3,5GHz), não tem como fazer milagre - salienta Marcelo Zuffo, professor do departamento de engenharia de sistemas eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Segundo Zuffo, somente o 5G definitivo possibilitará mudanças profundas nas interações tecnológicas, da visualização de vídeos em 4K sem dificuldades e ao avanço da internet das coisas (IoT). Neste sentido, o professor lembra que as empresas vêm reforçando a infraestrutura e como estratégia de marketing passaram a oferecer o chamado 5G DSS, que seria uma espécie de prévia do 5G. Para a professora da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Cristina Nunes, o movimento das operadoras busca familiarizar os clientes com a iminente chegada da quinta geração. Neste contexto, os equipamentos hoje habilitados para o 5G já poderiam se beneficiar do 5G DSS. - É uma evolução do 4G, mas não chega a ser exatamente o 5G. A velocidade de transmissão é maior, mas hoje isso só está disponível em alguns pontos de Porto Alegre - analisa Cristina.