23/02/2014
Correio do Povo
Geral | Pág. 12
Clipado em 23/02/2014 06:37:13
Preservação é necessária
Dunas, habitat para várias espécies de plantas e animais, vêm sofrendo com avanço da urbanização

- Cíntia Marchi

A ocupação imobiliária cresce no Litoral Norte e o avanço da urbanização se torna um indicativo de que é preciso ampliar os cuidados com o meio ambiente. As dunas entram neste contexto. No meio deste mês, a Justiça Federal de Capão da Canoa proibiu a emissão de alvarás e de licenças para construções nas dunas, em Imbé, depois de um condomínio ter sido construído em frente à praia.

A chefe do Departamento de Qualidade Ambiental da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ana Rosa Bered, explica que é necessário as prefeituras se preocuparem com um planejamento sustentável para a ocupação humana das cidades. Ana Rosa lembra que as elevações de areia formadas pelas marés são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP) e, como tais, têm que ser respeitadas. Além de funcionar como barreira para a invasão do mar, as dunas servem de habitat para espécies vegetais e animais. Uma das espécies endêmicas é o tuco-tuco. 'Ele se alimenta da raiz das plantas que nascem nas dunas e só existe no litoral do Sul', explica.

Mesmo não sendo uma espécie própria da região de dunas, as corujas também costumam utilizá-las para fazer os ninhos e acabam chamando atenção da população. Em Imbé, o casal Flávio e Seliane Gomes ajuda a manter o sossego da família de corujas na colina de areias em frente à casa. 'Acho que as dunas são supernecessárias. São uma proteção natural, que nos dão certa segurança da força dos ventos', defende Flávio. A vizinha Aida Taborda também é favorável à preservação, mesmo que elas lhe impeçam a visão do mar da porta de casa. 'As dunas são praticamente a extensão do meu pátio. Acho que têm que ser preservadas e respeitadas. E da sacada, no terceiro andar, eu consigo ver o mar', completa Aida.

Ana Rosa lembra que as dunas são protegidas por lei e só poderão sofrer interferências em situações especiais que venham a atender interesses públicos e depois de emitida licença de órgão ambiental competente. 'Temos que respeitar as dunas porque são um bem público e, em especial, as costeiras que vão sempre tentar ocupar o seu espaço e não devemos lutar contra isso.'