15/12/2017
Jornal do Comércio
Economia | Pág. 6
Clipado em 15/12/2017 00:12:58
PIBs de cidades industriais foram os mais afetados em 2015
Estudo da FEE chama atenção para perdas em Caxias do Sul, Gravataí e Bento Gonçalves

Foi a riqueza dos municípios industriais a mais afetada em 2015 pela crise econômica iniciada dois anos antes, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) das cidades gaúchas.

Um dos maiores símbolos do impacto no setor industrial é a queda do PIB em cidades como Caxias do Sul, que cedeu o topo do ranking de maior Valor Adicionado Bruto (VAB) do segmento para Porto Alegre. De acordo com o economista do Núcleo de Contas Regionais da FEE, Guilherme Risco, a retração econômica acertou em cheio os setores metalmecânico e o automotivo, com significativo peso na economia do município serrano.

Com forte presença de fabricantes de veículos, Gravataí também não passou incólume e ficou entre aqueles que tiveram as maiores perdas de participação no PIB do Estado. Neste quesito, Caxias do Sul teve queda 0,9 pontos percentuais e Gravataí 0,5 pontos percentuais, ambos liderando as perdas. Outra cidade que teve mudança significativa em seu PIB foi Bento Gonçalves, que, de acordo com Risco, está relacionada diretamente a menor demanda no setor moveleiro em meio a perda de poder de compra do consumidor.

Apenas entre 2014 e 2015 a cidade despencou de 6º maior VAB industrial do Estado para a 10ª posição, caindo de R$ 1,78 bilhão para R$ 1,62 bilhão, sem contar a inflação. “Na contramão dessa crise, melhoraram suas posições no ranking as cidades de Canoas e Triunfo, graças à recuperação de preços de combustíveis e petroquímicos”, esclarece Risco, que apresentou os dados juntamente com Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE.

Enquanto Canoas se beneficiou da presença da Refinaria Alberto Pasqualini(Refap) e da retomada dos preços dos combustíveis em 2015, Triunfo ganhou com a produção e os preços de venda de insumos produzidos no Polo Petroquímico. Por outro lado, no Sul do Estado, a forte vinculação com a produção de petróleo e a crise dos investimentos da Petrobras foram duramente registrados no PIB de Rio Grande.

Em 2013, a cidade estava em seu auge e alcançou a 5ª posição entre os maiores PIBs do Estado. “Em 2014 caiu para 8ª posição e despencou para 10ª em 2015. O PIB da cidade encolheu 10,7% nesse período o que, em valores, sem contar inflação, representou R$ 873 milhões a menos”, calcula o economista.

OUTROS DADOS DO DIAGNÓSTICO

— O município com maior PIB no Estado foi Porto Alegre (R$ 68,1 bilhões), seguido por Caxias do Sul, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Santa Cruz do Sul, Triunfo, Pelotas e Rio Grande.

— Porto Alegre apresentou, em 2015, o maior VAB de serviços do Estado (22,9% do setor), seguido por Caxias do Sul (5,18%), Canoas (3,84%), Passo Fundo (2,53%) e Pelotas (2,51%).

O maior VAB da agropecuária foi de Cachoeira do Sul (1,4%), onde as produções de soja e arroz são as principais atividades. Destaque também para Uruguaiana (1,4%), Tupanciretã (1,3%), Dom Pedrito (1,3%) e Alegrete (também 1,3%).

Os dados também demonstram que quatro municípios gaúchos estão entre os 100 maiores PIBs do Brasil: Porto Alegre (6º), Caxias do Sul (40º), Canoas (50º) e Gravataí (92º).

— O município com maior PIB per capita no Estado em 2015 continua sendo Triunfo, devido às atividades do Polo Petroquímico. Na sequência, destacam-se Pinhal da Serra e Aratiba, ambos pela atividade de geração de energia.

— Detêm os menores níveis de renda per capita as cidades de Alvorada (R$ 11.353,07), Caraá (R$ 11.408,6) e Ametista do Sul (R$ 11.499,03). Para se ter uma ideia do que esses valores representam, o PIB per capita do Rio Grande do Sul foi de R$ 33.960,36 em 2015.