15/06/2016
Jornal NH
Negócios | Pág. 16
Clipado em 15/06/2016 07:06:31
Calçado ajuda PIB gaúcho a não cair tanto
Bom resultado do setor, incrementado pelas exportações, fez o Produto Interno Bruto do Estado recuar 4,3% no primeiro trimestre

O crescimento de seis setores da indústria de transformação do Rio Grande do Sul no primeiro trimestre deste ano, entre eles o coureiro-calçadista, foi fundamental para reverter uma tendência que se repetia nos resultados anteriores do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho: o desempenho do Estado voltou a fechar no vermelho, mas o número foi menor que a média nacional para o período, que também ficou negativa. Divulgado na manhã de ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), o encolhimento do Estado registrado nos três primeiros meses de 2016 foi de 4,3%. Já o recuo na economia brasileira foi de 5,4%.

De acordo com o economista e coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, Roberto Rocha, a diminuição menor da economia gaúcha reflete um desempenho total da indústria melhor que o nacional, mesmo com uma queda significativa da agropecuária, segmento que vinha sustentando os melhores resultados. "Após sete trimestres, voltamos a ter seis setores da indústria a apresentar incrementos. Nos últimos boletins, tínhamos apenas um ou dois, no máximo três setores em crescimen to. Além disso, a nossa indústria de transformação caiu menos que a do País", destaca. Das taxas dos grandes setores, o carro-chefe da economia estadual e geralmente responsável pela "salvação da lavoura gaúcha", a agropecuária teve queda de -8,1%.

Na indústria, o percentual foi de -6,3%, e nos serviços a diminuição atingiu -2,5%. Dessa forma, apenas a agropecuária apresentou resultado pior que no trimestre anterior. No quarto trimestre de 2015, o segmento agrícola ainda registrava crescimento de 2,4%. Com base nesses desempenhos, a taxa trimestral do Valor Adicionado Bruto (VAB) total caiu 4,2% neste trimestre e a taxa dos impostos sobre produtos líquidos de subsídios diminuiu 4,9%.

TRANSFORMAÇÃO

Mesmo com a queda nos quatro segmentos industriais, a desaceleraçã o do recuo da indústria de transformação do Estado neste trimestre chamou bastante a atenção. "De -16,1% no último trimestre 2015 para -7,7% agora, considerando que há mais de quatro trimestres as quedas da atividade vinham sendo de mais de dois dígitos. Aponta que parte da transformação está tendo, em algum grau, melhores resultados", destaca Rocha.

Exportação esteve ligada ao bom desempenho dos setores

Um dos principais agentes para a reversão de um cenário que se percebia no Estado quando o assunto era o PIB, o setor coureiro-calçadista foi um dos poucos segmentos gaúchos da indústria de transformação a apresentar crescimento nos três primeiros meses do ano passado. Além dos calça-distas, os setores de celulose, fumo, produtos alimentícios, produtos químicos e refino tiveram incrementos. "Vimos que destes seis setores, cinco tiveram um vínculo muito forte com a exportação, o que ajudou bastante o resultado, em virtude da atual taxa de câm bio", conta Rocha. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o setor coureiro-calçadista registrou um aumento de 1%.

"O volume exportado nesse mesmo período cresceu 29,9%", diz o economista e coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, ao ressaltar que os destinos mais importantes nesse período foram os Estados Unidos, a Itália e a Argentina. "Em relação aos próximos meses, temos que observar se esses segmentos que se destacaram vão conseguir manter esse crescimento", pontua Rocha.

RETOMADA AINDA ESTÁ DISTANTE

Para Rocha, com os rendimentos reais ainda baixos, taxa de desemprego subindo, crédito caro e restrito e governos com dificuldades fiscais, não é possível ter uma retomada generalizada da economia. No entanto, alguns sinais apontam para o início de uma recuperação, com quedas de menor magnitude. "Com o crescimento de seis setores da indústria de transformação que ajudaram no desempenho geral do Estado, percebemos que o mercado externo pode ajudar para que a retração seja suavizada. Entretanto, sem a melhora do mercado interno, o Rio Grande do Sul não vai conseguir sozinho sair da crise", finaliza o economista.