14/09/2017
Zero Hora
Gisele Loeblein | Pág. 24
Clipado em 14/09/2017 02:09:55
Efeito da supersafra foi além das lavouras

Diante da safra histórica colhida no Rio Grande do Sul, o efeito positivo sobre a economia gaúcha era mais do que esperado. Os números apresentados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) comprovam isso. Embalado pela supersafra, o Estado teve no PIB do segundo trimestre crescimento de 2,5%, superior ao do país, de 0,3%, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. É o melhor desempenho desde o início de 2014.

Diferentemente do Brasil, que sente o peso da safra nos primeiros três meses do ano, o Estado vê o maior reflexo da produção no segundo trimestre, devido ao calendário da colheita. Neste ano, há dois detalhes interessantes.

O primeiro, é o fato de que o PIB agropecuário nacional cresceu no segundo trimestre mais do que o gaúcho - 14,9% e 7,9%, respectivamente. A explicação está nas diferentes bases de comparação. O país teve em 2016 quebra na safra em decorrência da falta de chuva. O Rio Grande do Sul, não. Com exceção de perdas registradas no arroz (em função do excesso de precipitações), colheu safra cheia.

- O Estado está crescendo em uma base mais real - observa Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.

O segundo detalhe é que foi nos pagos gaúchos que a agricultura teve maior impacto sobre a economia. O campo extrapolou seus limites e "contaminou" positivamente outros setores, como a indústria, que no país teve queda de -2,1% e no Estado, de -0,3%.

- A safra tem um efeito de transbordamento, e quanto mais integrada a economia na agricultura, maior será esse efeito - explica Luz.

É o caso do Rio Grande do Sul, onde a indústria depende mais da agricultura do que no Brasil. Ou seja, a safra recorde colhida nos campos levou seus resultados positivos para outros segmentos com maior intensidade no Estado.

Para Luz, o PIB agropecuário no país deve fechar o ano com aumento de dois dígitos. No Estado, o desempenho deve ser igual ou um pouco maior do que o chinês - projetado em 6,5% em 2017. O economista reforça, no entanto, que PIB e renda são grandezas diferentes. Mesmo com efeito tão positivo na geração de riquezas, o volume histórico colhido não foi suficiente para compensar os baixos preços, impactando negativamente o bolso do produtor.