29/03/2017
Jornal do Comércio
Economia | Pág. 5
Clipado em 29/03/2017 01:03:19
PIB do Rio Grande do Sul encolheu 3,1% em 2016
Economia do Estado acumula retração de 6,7% desde 2014

O ano de 2016 repetiu mais um período de queda da atividade econômica no Rio Grande do Sul. Segundo dados divulgados ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), o Estado viu seu PIB encolher 3,1% no ano passado. É a terceira queda consecutiva do indicador, que não tinha uma sequência tão grande de resultados negativos desde os primeiros anos da década de 1980. A queda acumulada desde 2014 atinge 6,7%. Uma boa notícia, porém, é que a indústria gaúcha dá sinais de recuperação. Depois de 10 trimestres consecutivos de queda no setor, as fábricas do Estado registraram um aumento de 0,9% no quatro trimestre de 2016 em relação ao trimestre anterior.

O resultado não foi suficiente para evitar a queda na atividade industrial no acumulado do ano, que atingiu 3,9%, mas é visto como um bom sinal. “Dada a sequência de resultados negativos, a volta de um resultado positivo trimestral na indústria é um fator interessante”, comenta o coordenador do núcleo de contas regionais da FEE, Roberto Rocha. O resultado positivo no quarto trimestre é reflexo do bom resultado da indústria da transformação, que cresceu 2,7% em relação ao terceiro trimestre puxada principalmente pelos segmentos de máquinas e equipamentos e de celulose. Este último setor ainda reflete a expansão da Celulose Riograndense, de Guaíba – a atividade cresceu 33,8% em 2016. Já em máquinas e equipamentos, os motivos apontados são a capitalização dos produtores e a expectativa de uma grande safra agrícola para este ano – mesmo assim, no total de 2016, o segmento ainda apresentou retração, de 2%.

O campo, aliás, mesmo sem grandes acidentes climáticos como as que derrubaram o PIB gaúcho em 2005 e 2012, por exemplo, apresentou uma das maiores quedas entre os itens que compõem o cálculo do indicador em 2016. A queda no setor agrícola foi de 4,5%, puxada por reduções nas culturas de arroz, fumo e milho. Rocha vê a situação como natural, uma vez que a grande safra anterior, colhida e comercializada em 2015, aumentou os patamares de comparação. “Mesmo não tendo desempenho positivo em volume, quando olhamos os preços temos um setor que não teve um nível de renda tão prejudicado quanto os setores urbanos”, acrescenta o economista da FEE. A renda dos trabalhadores rurais também é um dos motivos apontados para que, nos serviços, a atividade imobiliária tenha sido a única que registrou crescimento em 2016, na casa de 1,1%. Serviços ligados à exportação, como transporte e armazenagem, embora tenham caído 0,7% no ano, se beneficiaram do crescimento no volume das vendas externas, apresentando resultados menos ruins do que o visto nacionalmente, onde a queda chegou a 7,1%.

O PIB gaúcho como um todo, aliás, seguiu a mesma lógica, tendo em vista que o PIB brasileiro divulgado pelo IBGE no início do mês revelou uma queda ainda maior, de 3,6%. A crise nacional, por óbvio, é a maior responsável pela queda da atividade também no Estado, que acompanha tendência geral. Estados como Espírito Santo (-12,2%), Bahia (-4,9%), São Paulo (-3,0%), Goiás (-2,7%) e Paraná (-2,4%), que também possuem entidades de estatística que mantém séries regionais, confirmam a generalização das retrações. No todo, a estimativa da FEE é de que o Rio Grande do Sul passou de 6,4% para 6,5% de participação na economia nacional em 2016. O valor nominal do indicador gaúcho foi de R$ 410,276 trilhões no passado, com um PIB per capita de R$ 36.329,00 (cerca de 20% maior do que o valor nacional).