19/09/2013
Pequenas Empresas Grandes Negócios
Especial | Pág. 74
Clipado em 19/09/2013 13:09:13
Onde conseguir dinheiro para realizar seu sonho
Falta de recursos não é mais motivo para deixar de empreender. Descubra como buscar o melhor apoio para o seu negócio

Em 1977, o investidor americano Mike Markkula assinou um cheque de US$ 250 mil para dois jovens: Steve Jobs, de 22 anos, e Steve Wozniak, 27. Ele acreditou no potencial dos sócios e de sua startup de garagem, então localizada nos subúrbios da pequena Los Altos, na Califórnia. O dinheiro foi usado na criação do primeiro grande sucesso de vendas da empresa, o Apple II. E deu, também, a largada para a construção da marca mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 185 bilhões.

Hoje, aportes como o feito por Markkula estão à disposição de qualquer empreendedor brasileiro que tenha um projeto promissor. O ecossistema de apoio financeiro no Brasil amadureceu. Nunca houve uma rede de apoio tão ampla às startups no país, com formatos que atendem a diferentes estágios de crescimento.

Nas páginas a seguir, você vai entender quais são as diferenças entre cada um desses tipos de recurso, para escolher o que mais combina com o seu perfil. Fizemos um mapeamento detalhado da cadeia de investimentos e selecionamos 68 fontes de apoio e de capital que podem ajudá-lo a construir a sua empresa. De incubadoras, anjos e aceleradoras a fundos e linhas bancárias. E mais: empreendedores e investidores contam os macetes para fazer essa relação dar certo.

O CAMINHO DO DINHEIRO

Das incubadoras aos fundos de venture capital, confira quais sã os principais modelos de financiamento disponíveis para as startups brasileiras — e descubra o mais adequado para o seu negócio

INCUBADORAS

Tem uma solução inovadora para problemas sociais, econômicos ou ambientais? O modelo depende de pesquisa e desenvolvimento? As incubadoras são o melhor caminho para obter consultoria e acessar verbas de incentivo à inovação. Com esse dinheiro, é possível contratar pesquisadores e comprar equipamentos. Não existe aporte direto — o que significa que você não cederá uma parte do negócio.

Existem 348 incubadoras em atividade no país

Juntas, elas reúnem 2.640 empresas que geram um faturamento anual de R$ 533 milhões

ACELERADORAS

Se você tem um protótipo e já fez as primeiras vendas, as aceleradoras podem ser uma opção para escalar a sua startup e atrair a atenção de investidores. Os aportes financeiros — quando existem —não ultrapassam R$100 mil. As maiores vantagens estão nos investimentos indiretos: infraestrutura, mentoria, consultoria e networking. O custo é dividir uma cota de participação do negócio e estar aberto a mudanças na ideia original.

O governo brasileiro investiu R$ 40 milhões no Start-Up Brasil, programa nacional de aceleração de empresas. A meta é desenvolver 150 projetos até 2015

A IMPORTÂNCIA DO PROTÓTIPO
Estágio de desenvolvimento dos negócios do Start-Up Brasil (ver imagem)

ANJOS

O objetivo desse apoio é incentivar o segundo ciclo de crescimento da startup e prepará-la para a chegada de um fundo de capital de risco. Os anjos procuram negócios que já estão em operação, com um modelo testado. Os aportes — assim como as participações cobradas pelo investidor —
são maiores do que os das aceleradoras. Além do dinheiro, o anjo divide contatos e inteligência de negócios com o empreendedor.

R$ 416 mil é a média dos aportes feitos pelos anjos brasileiros. O valor corresponde a algo entre 5% a 10% do seu patrimônio

ONDE INVESTEM
O setor de tecnologia é o foco dos aporte (ver imagem)

BANCOS

Sua empresa já está no mercado há alguns anos e tem uma boa carteira de clientes. Mas você precisa de dinheiro extra para expandir a produção, comprar equipamentos ou reformar a sede. Se atrair um novo sócio para o negócio não está nos seus planos, o financiamento bancário é uma opção. As instituições públicas costumam ter os juros mais baixos do mercado — e os prazos mais longos.

No primeiro semestre de 2013,o BNDES liberou R$ 88,3 bilhões para as empresas brasileiras

FORÇA DA INDÚSTRIA
Os setores que mais receberam recursos — em % (ver imagem)

FUNDOS DE CAPITAL DE RISCO

Aqui, os aportes começam a ficar mais altos e podem chegar a dezenas de milhões, em várias rodadas de investimento.
Em cada uma delas, o empreendedor dilui sua participação. O foco está em empresas com enorme potencial de escala. Nessa fase, a cobrança por resultados se intensifica — as expectativas giram em torno de uma fusão ou de um IPO. É um caminho indicado para quem tem um apetite por crescimento acima da média e suporta grande pressão.

O volume de capital comprometido ** disponível no pais é de R$ 83 bilhões. Desse total. R$ 2,5 bilhões estão destinados a negócios em fase inicial ou em desenvolvimento

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
As fontes de consulta mais usadas pelos fundos para analisar propostas (ver imagem)

MERCADO QUENTE
Os setores mais procurados pelos fundos de venture capital (ver imagem)

ESPAÇO PARA CRESCER

Em busca de bons projetos, os investidores privados agora miram empresas que ainda estão dentro das incubadoras

Durante muito tempo, a imagem das incubadoras foi associada a um lugar isolado, cheio de pesquisadores que desenvolviam projetos de alta complexidade, sem nenhuma preocupação com o mercado. Esse está longe de ser o cenário de hoje. Criada na década de 8o, a rede de incubadoras brasileira já passa das 400 instituições — e nunca viveu tamanha fartura de recursos para investimento. "Antes, os empreendedores bancavam o projeto sozinhos ou dependiam de dinheiro público. Hoje, podem contar com um investidor privado", diz Francilene Procópio Garcia, presidente da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores).

Nos últimos dois anos, o Brasil vive um período de excesso de liquidez ao mesmo tempo que faltam bons projetos — o que fez os investidores olhar para startups ainda sem faturamento. No Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), ligado à USP, o CEO Sergio Risola diz receber pelo menos dois bancos ou fundos por semana.

As aceleradoras também se aproximaram — os programas podem ser complementares para empresas mais maduras. O Porto Digital, de Recife, tem duas incubadoras e se prepara para lançar uma aceleradora em 2014, a Jump Brasil. "A intenção é complementar o ciclo de desenvolvimento", diz Eiran Simis, coordenador de incubação do Porto Digital. Em Pernambuco, a instituição encontrou dois focos de trabalho: economia criativa e tecnologia. Embora cada região do país tenha a sua vocação, a maioria das incubadoras aposta em projetos apoiados na pesquisa científica desenvolvida dentro das universidades.

RFIDEAS

O QUE FAZ
Desenvolve sistemas de rastreamento e gestão de ativos em tempo real com RFID

ANO DE FUNDAÇÃO
2010

SEDE
SÃO PAULO (SP)

EXPECTATIVA DE FATURAMENTO PARA 2013
R$ 3,5 MILHÕES

Depois de seis meses dedicados a montar o plano de negócios da RFIDEAS. os engenheiros Antonio Rossini. 29 anos, e Lucas Almeida, 27, resolveram procurar o Cietec. "Nosso modelo ainda não estava testado. A incubadora era a ponte perfeita para chegarmos bem preparados ao mercado", afirma Rossini.

A startup foi aprovada no fim de 2010 e ganhou o reforço de um terceiro sócio, o engenheiro Matheus Costa, 30 anos. Estar dentro de um ambiente que respira inovação foi um diferencial para a empresa: nos corredores da incubadora, a equipe encontrava consultores e trocava ideias com outros empreendedores. Os interlocutores mais frequentes eram Sergio Risota, CEO do Cietec, e o gestor de TI Franco Margonari Lazzuri. "Eles eram muito focados e duros com a gente. Cobravam atenção", diz Risota.

Dentro da incubadora, a empresa conseguiu o primeiro financiamento pelo Pipe (Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), da Fapesp. Os R$ 150 mil recebidos no meio de 2011 foram destinados a bolsas de pesquisa e á compra de equipamentos. Logo, a empresa estava com o protótipo na mão.

A pesquisa avançava, mas os sócios ainda não tinham faturado. Em julho de 2011, veio a primeira chance: Lazzuri fez a ponte entre a startup e a empresa de data centers Alog. "Começamos com uma venda pequena, suficiente
para cobrir nosso custo fixo", afirma Rossini. Em pouco tempo, o contrato triplicou de tamanho. Em abril de 2012. a RFIDEAS trocou a incubadora por um escritório na Avenida Paulista. A graduação, em dez meses, cravou um recorde de tempo na história do Cietec. "O processo foi rápido porque o projeto era bom e eles estavam alinhados com um grande player do mercado". diz Risota. Até o fim de 2013, a empresa espera faturar R$ 15 milhões.

Royalties

No Cietec, as startups pagam uma taxa de 2% sobre o faturamento do produto ou serviço desenvolvido no período de incubação. Se, Por exemplo, a empresa ficou
dez meses dentro da instituição, retribui durante esse mesmo tempo com um percentual sobre as vendas quando estiver faturando.

Aluguel

A maioria das incubadoras cobra uma taxa básica de adesão — um valor fixo pelo espaço e pela infraestrutura. No Cietec, a modalidade mais barata custa cerca de R$ 500 por mês.

Foco no social

A Yunus Negócios Sociais Brasil, criada pelo prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, começará neste mês a primeira seleção no pais (para se inscrever, acesse www.yunus negociossociais. com). Segundo Rogério Oliveira, cofundador da incubadora, o programa terá inicio em outubro. Para 2014. a previsão é abrigar pelo menos seis negócios

APOIO EM TODO O BRASIL

Onde estão algumas das principais incubadoras, nas cinco regiões do país

PIEBT (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica)
Ano de fundação: 1995
Sede: Belém (PA)
Empresas incubadas: Amazon Dreams, Brasmazon, Chama da Amazônia, Ervativa e outras cinco. Quinze startups foram graduadas
Perfil desejado: empresas de base tecnológica e que desenvolvam produtos/serviços inovadores alinhados às pesquisas da UFPA (Universidade Federal do Pará)
O que oferece: espaço físico, consultoria nas áreas de gestão, finanças, marketing, tecnologia e produção; apoio na elaboração de projetos de captação de recurso e networking
Áreas de Interesse: biodiversidade amazônica, produtos naturais, tecnologia da informação e comunicação, biotecnologia. fármacos e energia Contato: piebt@ufpa.br: (91) 3201-8022 / 3201- 8023; www.universitec.ufpa.br

Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do CDT/UnB
Ano de fundaçao:1989
Sede: Brasília (DF)
Empresas Incubadas: 11 no processo de pré-incubação e Fira Soft, Loop, Radd's, TG Studio e outras 6 no processo de incubação. Desde 1989, 65 foram graduadas
Perfil desejado: micro e pequenas empresas inovadoras já constituídas e que buscam apoio gerencial ou técnico
O que oferece: infraestrutura compartilhada, consultorias especializadas, capacitaçães empresariais e outros programas d CDT/UnB ((entro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília)
Áreas de Interesse: TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), microeletrônica, tecnologias ambientais, biomedicina, biotecnologia, nanotecnologia, ciências da saúde. farmacologia e energia (fontes renováveis)

Incubadora de Empresas e
Projetos do Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações)
Ano de fundação: 1992
Sede: Santa Rita do Sapucai (MG)
Empresas Incubadas: BluMonkey, FR Networks, Hit Soluções Tecnológicas e lameiro— 52 já foram incubadas ou graduadas
Perfil desejado: de base tecnológica, com potencial de rápido crescimento
O que oferece: infraestrutura, salas multimídia e laboratórios tecnológicos; consultoria, assessoria e cursos; orientação para captação de capital no mercado
e agências de fomento à inovação
Áreas de interesse: TIC, eletromédica e automação Contato: (35) 3471-9203

Fucapi Incubadora de Tecnologia
Ano de fundação: 2005
Sede: Manaus (AM)
Empresas Incubadas: Biom Tech, Ryolabs Engenharia de Sistemas, Se liga Manaus. Sedução Amazônica e mais quatro startups. Já graduou outras quatro
Perfil desejado: empresas de base tecnológica com propostas de inovação
O que oferece: infraestrutura orientação empresarial, consultoria e assessoria especializadas; qualificação profissional por meio de treinamentos, suporte para registro de marcas e patentes; marketing e publicidade; e informação sobre investimentos, financiamentos e editais
Áreas de interesse: tecnologia da informação e comunicação. design, bionegócios. engenharias e outras áreas de base tecnológica
Contato: incubadorat@fucapi.br; (97)7177-305

Incubadora Tecnológica de Campina Grande
Ano de fundação: 1986
Sede: Campina Grande (PB)
Empresas Incubadas: 24 incubadas
e 86 graduadas, entre elas Campinatec e Silibrina Perfil desejado: negócios inovadores de perfil arrolado
O que oferece: apoio à gestão nas áreas de empreendedorismo, mercado, gestão, finanças
e tecnologia, com mentoria, cursos e capacitações, consultoria e assessoria
Áreas de Interesse: tecnologia da informação e comunicação, eletroeletrônica, agroindústria, design, biotecnologia, petróleo. gás natural, biocombustiveis, tecnologias limpas, energias renováveis, jogos digitais e economia criativa (audiovisual, música, artes visuais)
Contato: morgannaopaqtc.org.br; (83) 2101-9030

Incubadora Multissetorial de Empresas de Base Tecnológica e Inovação Raiar da PUCRS
Ano de fundação: 2003
Sedes: Porto Alegre e Viamão (RS)
Empresas Incubadas: Cliever 31), Junta.ai, Rockhead Games, Home Manager, Qualistatus, Wispnet, InnHolder e Provia. São 23 incubadas e mais de 50 graduadas
Perfil desejado: empresas de base tecnológica e inovação
O que oferece: assessoria em gestão, design, comunicação; apoio em psicologia empresarial, financeira e jurídica; e espaço físico
Áreas de interesse: tecnologia da informação e comunicação, indústria criativa, ciências da vida, energia, eletroeletrônica, física e energia Contato: edemar.paula@pucrs.br; (51) 3320-3673

CELTAT (Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas)
Ano de fundação: 1986
Sede: Florianópolis (SC)
Empresas incubadas: Hoplon, Nanovetores, Resultados Digitais, Welle Laser, Wavetech e mais 26 incubadas: 71 graduadas
Perfil desejado: startups ou unidades de desenvolvimento de novos produtos nas áreas de interesse
O que oferece: espaço físico, orientação fiscal e jurídica, apoio na busca de financiamento e subvenção, marketing institucional e relacionamento com investidores
Áreas de Interesse: instrumentação, telecomunicações, automação, mecatrônica, microeletrônica, energia, informática. biomedicina, biotecnologia. economia criativa e ciências da vida

Portomídia
Ano de fundação: 2013
Sede: Recife (PE)
Empresas incubadas: FisioHub, Mr. Plot e outras seis startups
Perfil desejado: empresas com uso intensivo de tecnologia da informação e comunicação O que oferece: infraestrutura física e serviços de apoio para gestão tecnológica e empresarial Áreas de interesse: economia criativa, nas amas de cine-vídeo-animação, multimidia, games, fotografia e música
Contato: portomidi@portodigital.org.br

CAIS do Porto
Ano de fundação: 2003
Sede: Recife (PE)
Empresas incubadas: Eventick, iCare Games, Opará e outras 21 Perfil desejado: empreendimento nascentes de TIC ligados aos setores produtivos de Pernambuco
O que oferece: infraestrutura liso e serviços de apoio para gestão tecnológica e empresarial
Áreas de interesse: TIC
Contato: cais@portordigital.org.br (81) 3419-8033

Incubadora de Empresas da COPPE/UFRJ
Ano de fundação: 1994
Sede: Rio de Janeiro (RJ)
Empresas incubadas: EDB, Forebrain, Letsevo, OilFinder, Petrec e outras 13 startups
Perfil desejado: inovadora e com interação com a UFRJ
O que oferece: infraestrutura e desenvolvimento dos negócios por meio de três linhas de ação:
assessorias individuais, capacitação e acompanhamento
Áreas de interesse: petróleo e gás, energia, meio ambiente, tecnologia da informação e comunicação
Contato: inc@inc.coppe.ufrj.br; (21) 3133-1951

Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia)
Ano de fundaçao: 1998
Sede: Ipen-USP. São Paulo (SP)
Empresas incubadas: Adespec, tonel, Lasertools, Tramppo, XMOBOTS e mais 118. Mais de 300 startups já passaram pelo Cietec desde sua fundação
Perfil desejado: projetos com ideias inovadoras
O que oferece: infraestrutura física para instalação e operação e serviços de apoio para atendimento de suas demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e de mercado
Áreas de Interesse: biotecnologia, eletroeletrônica, medicina e saúde, meio ambiente, química e TIC
Contato: cietec@cietec.org.br: (11) 3039-8300:
www.cietecorg.br

INTEC (Incubadora Tecnológica de Curitiba)
Ano de fundação: 1989
Sede: Curitiba (PR)
Empresas incubadas: 21M, EngeMOVI, Hit Tecnologia em Saúde, VEZ e 44 empresas graduadas Perfil desejado: empresas de
base tecnológica, legalmente constituídas e com produtos em desenvolvimento
O que oferece: serviços de consultoria e assessoria, espaço físico, salas de treinamento e laboratório
de prototipagem
Áreas de Interesse: energias renováveis.
saúde e meio ambiente
Contato: rmouro@tecpar.br