04/09/2017
O Informativo do Vale
Geral | Pág. 4
Clipado em 04/09/2017 00:09:32
Em dez anos, número de crianças volta a crescer no Vale do Taquari
Estimativa aponta que, de 2006 a 2016, a quantidade de menores de 0 a 4 anos aumentou na região. O fato se verifica a partir de 2010, com a implantação de políticas públicas específicas

Invertendo a curva da redução do número de filhos, o Vale do Taquari contabiliza, ao longo de uma década, um crescimento de 9,13% no número de crianças de 0 a 4 anos. Ao todo, nos 38 municípios da região, em 2016, havia 1.801 crianças a mais nessa faixa etária do que em 2006. O índice é resultado da estimativa populacional divulgada pela Fundação de Economia e Estatística do Estado (FEE).

O porcentual positivo vai na contramão da realidade dos primeiros anos da década passada. Conforme a presidente do Conselho de Desenvolvimento Regional do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini, a retomada do crescimento no número de filhos se deu nos últimos anos. “Em 2010, por exemplo, dentro desse intervalo, nós atingimos o índice mais baixo. Foi a partir daquele ano que a região começou a recuperar o número de crianças dentro da idade apontada pela FEE.”

Cíntia diz que vários são os fatores que colaboraram para esse crescimento, especialmente as condições socioeconômicas da população. “É um período marcado pelo estímulo ao nascimento de filhos, mas também pelas condições econômicas e sociais, que tiveram elevação. O Brasil só sentiu os efeitos da crise em 2015. E de 2010 até aqui, a curva do crescimento da população se inverteu”, compara.

Mudança social

Para a jornalista lajeadense Gabriela Junqueira Quevedo (31), o desejo de ter mais do que um filho sempre foi uma realidade. Há sete anos, nascia o pequeno Jeremias e, há pouco mais de oito meses, a Anita veio completar a família. “Eu tenho um irmão, que é só por parte de pai, e ele é 15 anos mais novo que eu. Eu não tive convívio nenhum com ele. É muito legal ter irmãos, propor essa experiência de compartilhar entre irmãos”, destaca.

A jornalista diz que pai e mãe precisam ser otimistas. “Eu tenho medo do futuro, procuro prepará-los desde cedo para que eles consigam superar os problemas do nosso país. Eu e o meu marido, Fernando, temos medo, sim, mas não dá para ser negativo o tempo todo. É preciso acreditar que as coisas vão melhorar.”

Gabriela conta que o custo com estudo e a Educação Infantil, no caso de pequena Anita, é o que mais pesa. No entanto, ela explica que a necessidade do investimento em educação é compensado por todo o resto. “Fora a escola, a criança precisa de muito pouco. Criança precisa de atenção muito mais do que qualquer investimento financeiro”, conclui. Por enquanto, são dois, e a opção da família estaciona por aí, acima da média regional, que é 1,6 filho por mãe.

Apaixonada, Gabriela se declara para sua família: “Eles são lindos, não é mesmo?”.

Sem saber, o jovem casal reflete uma mudança social que acaba invertendo os índices no Vale do Taquari.

COMPORTAMENTO

Para a presidente do Codevat, o pensamento da jornalista e do marido está alinhado a uma nova consciência coletiva. “Existe um pensamento que vai na direção oposta da geração que achava ‘feio’ ter mais do que um filho, constituir família grande. Essa mudança também está relacionada com as políticas públicas e à economia, que, durante um bom tempo, deu sinais de crescimento”, avalia.

Crescimento maior do que o Estado

Na média geral, o crescimento da população do Rio Grande do Sul estacionou em 6%. De acordo com a FEE, de 2006 a 2016, o porcentual de elevação no Vale é de 9,73%. “Parte desse aumento se deve ao processo migratório que ocorre, também, pelo trânsito de pessoas na nossa região”, pondera Cíntia. O índice positivo ainda aponta que o Vale do Taquari continua o processo de crescimento, com pequenas distorções nos menores municípios.

Segundo a estimativa, das 38 cidades do Vale, 14 apresentaram índices negativos no crescimento populacional. Os menores índices aparecem, igualmente, nos menores lugares da região. “Esse é um comportamento que já se sente há algum tempo, e ele tem vários fatores como possibilidade de explicação. Mas de modo geral, a região segue crescendo mais do que o Rio Grande do Sul, e esse aumento é positivo”, constata Cíntia.

O desafio da educação acessível

Por ser a maior cidade do Vale do Taquari, Lajeado concentra, também, o maior índice de procura por vagas na Educação Infantil. Na faixa etária analisada pela FEE - de 0 a 4 anos -, está a maioria das crianças que são atendidas em creches do município. E o número de matrículas só cresce.

Conforme a titular da Educação, Vera Lucia Plein, no início do ano, a demanda de vagas ultrapassava a casa dos 600 inscritos em fila de espera. De março para cá, a pasta conseguiu ampliar em 500 vagas, remodelando equipes, contratando professores a ajustando turmas. “Porém, existe, ainda, uma lista de quase 500 nomes. Isso tudo dentro do mesmo ano”, aponta.

Conforme a secretária, de 2015 para 2016, o número de pedidos de matrícula foi de 1,5 mil crianças na Educação Infantil. “É um desafio constante oferecer um atendimento de qualidade e acessível a toda a população que precisa. A Educação Infantil sempre necessita de ampliação na quantidade de vagas.”

A secretária conta que a pasta está desenvolvendo um estudo. Durante todo o mês de agosto deste ano, os profissionais se debruçaram sobre as demandas da Educação Infantil, e um diagnóstico está sendo preparado. O material servirá como base para manter ativo o desafio de atender todos que precisam de vagas nas creches da melhor forma possível.

A linguagem dos pequenos

A diretora da Escola Municipal de Educação Infantil Gente Miúda, Janice Diehl, também preside o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) em Lajeado. Por exigência do Ministério da Educação, cada cidade tem o seu conselho para o fundo, e a diretora da Gente Miúda representa o município nele.

Segundo ela, a Educação Infantil atual está associada mais à formação do que apenas à criação das crianças enquanto os pais trabalham. Nas salas de aula da escola dela, estão os adultos das próximas gerações. “Por isso, precisamos formar essas crianças com um senso crítico e também responsáveis. A Educação Infantil, hoje, é muito mais do que no passado.”

Dentro da metodologia de ensino, Janice explica que os pequenos são instruídos por meio de linguagens geradoras de aprendizado. Ao todo, são 19 e compreendem todas as áreas do conhecimento. “São atividades com leitura, escrita, gestual e artes, por exemplo, que ilustram o cotidiano das crianças.”

Quadro - ver imagem.