02/06/2017
Zero Hora
Gisele Loeblein | Pág. 19
Clipado em 02/06/2017 03:06:20
Pausa na recessão foi colhida nas lavouras

Foi nas lavouras que o Brasil cultivou a trégua na recessão, depois de dois anos de resultados ruins na economia. A safra recorde colhida no país foi a grande propulsora do crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre deste ano, quando comparado com o quarto trimestre de 2016. A agropecuária nacional teve no período avanço na casa dos dois dígitos: 13,4%. Foi o melhor resultado desde o quarto trimestre de 1996, quando a expansão foi de 23,8%. Relacionado a igual trimestre do ano anterior, o PIB do setor teve alta de 15,2%, melhor performance desde o primeiro trimestre de 2013, quando cresceu 21,5%.

– Quem tirou o Brasil da recessão foi o agro. Se o Brasil inteiro crescesse como o setor, teríamos expansão acima da média asiática na economia – avalia Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).

A geração de riqueza vinda da agropecuária é bastante sazonal e tem, em cada trimestre, impacto de culturas características do período. Nesses primeiros três meses de 2017, a força vem principalmente da produção de grãos (milho primeira safra e soja) do Centro-Oeste.

– Nessa região, houve recuperação em relação à quebra registrada no ano passado. O crescimento no total de grãos do país pode ser explicado pela recuperação do rendimento físico – explica Rodrigo Feix, coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da Fundação de Economia e Estatística (FEE).

Das lavouras gaúchas veio a contribuição de culturas como arroz, que também teve recuperação em relação ao ano passado, fumo, maçã e uva, com volume recorde depois de quebra acentuada em 2016. Diferentemente do Brasil, no Rio Grande do Sul o efeito maior da safra de soja sobre o PIB ocorre no segundo trimestre do ano.

O economista da Farsul faz uma ressalva: apesar da supersafra e da influência positiva na economia, o agricultor não terá no bolso efeito na mesma proporção. A queda do preço das commodities e o enfraquecimento do mercado fizeram do último ciclo de verão um dos menos rentáveis para o produtor, assegura Luz.