22/03/2018
Jornal do Comércio
Economia | Pág. 6
Clipado em 22/03/2018 11:03:22
Recessão fez Idese ter queda de 0,8% em 2015
É a primeira redução na atual série do índice que mede o desenvolvimento do Estado

Auge da crise econômica no Brasil, 2015 foi, também, um ano de redução no desenvolvimento socioeconômico do Rio Grande do Sul. A constatação é do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), que caiu de 0,757, em 2014, para 0,751 no ano seguinte, diminuição de 0,8%. É a primeira queda na atual série histórica do índice, iniciada em 2007, e não há dúvidas quanto ao seu motivo: mesmo com os eixos Educação e Saúde apresentando melhorias (+0,2% e +0,5%, respectivamente), o eixo Renda, com forte queda de 3,1%, mais do que compensou os efeitos. Calculado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), o Idese é mensurado de acordo com os três blocos, cada um respondendo por um terço do peso do índice geral.

Ao todo, são levados em conta 19 indicadores, entre eles a escolarização entre adultos, os resultados dos estudantes de Ensino Fundamental na Prova Brasil, a longevidade e a mortalidade infantil, por exemplo, com o objetivo de entender a situação geral do Estado e permitir a comparação entre os municípios e regiões gaúchas.

Segundo o coordenador do Núcleo de Indicadores Sociais da FEE, Rafael Bernardini, o fato de ser restrito ao Rio Grande do Sul permite que o Idese leve em conta indicadores específicos à realidade gaúcha, sendo, portanto, um retrato mais fiel do que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo. No bloco Renda, por exemplo, são utilizados a renda per capita e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita. O resultado encontrado para a Renda em 2015, de 0,739, é praticamente o mesmo de 2012 – e, apenas no item que leva em conta o PIB, o recuo é ainda maior, para os patamares de 2011.

“Houve grande queda, entretanto, também na apropriação da renda (-4%), ou seja, os salários, pois foi em 2015 que o desemprego começou a estourar no Rio Grande do Sul”, acrescenta Bernardini. Já sobre os outros blocos, o pesquisador argumenta, ainda, que a Educação poderia ter contribuído mais para amenizar os efeitos da queda na renda dos gaúchos.

O motivo é que, embora quatro dos cinco indicadores utilizados tenha registrado aumento, um deles, o que mede o percentual de jovens matriculados no Ensino Médio, registrou queda, de 4,44%. A redução, ainda que venha acontecendo repetidamente nos últimos anos, chama a atenção dos pesquisadores, que não identificaram as causas. “Temos hipóteses, como a própria recessão e as repetências no Ensino Fundamental, que atrasam a chegada no Ensino Médio”, comenta Bernardini.

Por fim, no eixo Saúde, que é historicamente onde o Rio Grande do Sul tem os seus melhores resultados, a tendência teve continuidade, com crescimento em todos os quesitos (saúde materno-infantil, condições gerais de saúde e longevidade).

O que é o Idese?

Criado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) em 2003, por demanda do governo Germano Rigotto, o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese) é inspirado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ao contrário do último, porém, cujos resultados municipais no Brasil dependem do Censo e, portanto, são divulgados apenas a cada 10 anos, o Idese é publicado todos os anos. A escala dos resultados vai de 0 (equivalente ao pior país no ranking do IDH) a 1 (equivalente ao melhor país no IDH).

O Idese é composto por 12 indicadores, divididos em três blocos: Educação, Renda e Saúde. Os indicadores são divididos entre desenvolvimento baixo (abaixo de 0,5), médio (de 0,5 a 0,8) e alto (acima de 0,8). Os resultados são usados na formulação de políticas públicas, desde programas de fomento até repasses aos municípios em algumas áreas, além de embasar a Consulta Popular. Os pesquisadores da FEE afirmam que, com a extinção da fundação, prevista para abril, não há definição quanto à continuidade do cálculo.