21/08/2013
Zero Hora
Rosane de Oliveira | Pág. 10
Clipado em 21/08/2013 03:08:21
Marcenaria ou lavanderia da Procempa?

Basta olhar a foto do Centro Integrado de Comando da prefeitura de Porto Alegre e a da marcenaria que teria feito os móveis e o suporte para os monitores de vídeo da parede para ter certeza de que as duas imagens não combinam. O Ceic é o que existe de mais moderno na estrutura municipal. A AMG Marcenaria é um estabelecimento de fundo de quintal, como constatou a repórter Adriana Irion ontem à tarde ao conferir o endereço que está nas notas fiscais apresentadas e pagas pela Procempa no valor total de R$ 463 mil.

Em defesa própria, os ex-dirigentes da Procempa poderiam dizer que aparência não é tudo e que naquele galpão com a porta desbotada fabricam-se móveis de alta qualidade com o melhor preço da praça. Mas não podem dizer isso porque foram pagas outras notas fiscais, de empresas diferentes, pelo mesmo serviço. E com preços menores.

A suspeita que o Ministério Público apura é de que a “estrutura em madeira de lei conectada a estrutura metálica para sustentação do vidio (sic) wall” descrita nas notas fiscais de números 074 e 075 da AMG (preenchidas à mão) seja, na verdade, um disfarce para material de propaganda eleitoral. As duas notas somam R$ 234 mil. Já a nota fiscal eletrônica fornecida pela Suta Marcenaria Ltda, para o mesmo produto tem valor de R$ 15.620.

Os móveis supostamente fornecidos pela AMG para o Ceic por R$ 229.415,60, conforme notas fiscais 120 e 121, preenchidas à mão e sem especificação de quantidades, também foram pagos à Giom Comércio e Representação de Móveis, conforme nota fiscal eletrônica número 1051, no valor de R$ 210.678,00, com descrição que combina com o que existe no Centro de Controle.

A investigação vai dizer se houve desvio para campanha eleitoral e quem se beneficiou. À primeira vista, trata-se de uma fraude tão grosseira, que só a certeza da impunidade pode ter levado alguém a pensar que jamais seria descoberta. A sindicância aberta por determinação da prefeitura constatou os indícios de irregularidades. Ao Ministério Público caberá identificar quem se beneficiou de pagamentos cercados de indícios de crime eleitoral.

Almoço indigesto

No almoço que teve ontem com a bancada do PDT na Assembleia Legislativa, o prefeito José Fortunati foi questionado sobre a crise na Procempa e o tratamento que ele vem dispensando aos aliados do PTB.

Um dos deputados perguntou se ele era “refém do PTB”. Fortunati respondeu que não. E repetiu o que vem dizendo nos últimos dias: que não pode condenar o partido inteiro pelos erros “de um ou dois”.

Daer responde

O diretor-geral do Daer, Carlos Eduardo de Campos Vieira, encaminhou e-mail à coluna em resposta ao texto sobre a má conservação das estradas estaduais.

Confira a íntegra da mensagem em www.zerohora.com/blogdarosane.

REBELDIA NA BASE

Contrariando a orientação do governo, os integrantes da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia aprovaram parecer pela suspensão do imposto de fronteira, cobrado sobre as mercadorias provenientes de outros Estados para micro e pequenas empresas.

– É uma medida demagógica, que pretende retirar do governo o direito de usar uma das principais ferramentas de que dispõe para enfrentar as crises – reclamou Raul Pont (PT).

Um dos argumentos do secretário da Fazenda, Odir Tonollier, para manter a cobrança é de que o varejo já recebe isenções por meio do Simples Nacional e não faria sentido retirar uma alíquota que beneficia as indústrias.

Na votação do parecer, oito deputados, sendo três da base aliada, Ronaldo Santini (PTB), Diógenes Basegio (PDT) e Heitor Schuch (PSB), opinaram pela derrubada do imposto. Eles garantem que a insurgência ao pensamento do governo é pontual.

– Mesmo fazendo parte da base aliada, apoio a retirada do imposto de fronteira e estou do lado do setor varejista e dos comerciantes – afirmou Dr. Basegio.

Agora, caberá ao plenário decidir sobre o tema.

PDT lava roupa suja em reunião

Fechou o tempo na reunião dos vereadores e dirigentes do PDT de Porto Alegre, convocada pelo presidente Vieira da Cunha para discutir a crise e a CPI da Procempa.

Claudio Janta foi cobrado por ter assinado a CPI sem consultar o partido. Disse que não se arrepende do que fez e exigiu ser indicado para integrar a comissão. Diante da resistência dos colegas e da decisão de Mário Fraga de disputar a vaga, a definição ficou para segunda-feira. Nereu D’Ávila foi escolhido para ser o relator da CPI da Procempa.

Mais de uma hora da reunião foi tomada por críticas ao secretário da Saúde, Carlos Casartelli (PTB), que o presidente da Câmara, Thiago Duarte, quer ver pelas costas.

ALIÁS

Não para em pé a história de que a máquina de contar dinheiro comprada pela Procempa foi uma doação para o restaurante. Afinal, os funcionários têm vale-refeição e a circulação de dinheiro em espécie é mínima.

Funcionário de carreira da Secretaria Estadual da Fazenda, o ex-presidente da Procempa André Imar não compareceu à reunião do PTB que discutiria seu futuro. A informação é de que ele está muito abalado.