18/12/2014
DCI
Editorial | Pág. 2
Clipado em 18/12/2014 06:51:02
Mata atlântica pede água

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Uma análise do desmatamento em 3.429 cidades cobertas por mata atlântica - o bioma mais ameaçado do País - no período de 2012 a 2103, aponta perda de vegetação equivalente a 24 mil campos de futebol. Esses números pertencem ao estudo Atlas de Remanescentes Florestais, divulgado ontem Pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela organização SOS Mata Atlântica. Houve um crescimento da ordem de 9% no desmatamento, em relação aos resultados do levantamento anterior, cobrindo o período de 2011-2012. Dos dez municípios que mais registraram desflorestamento entre 2012 e 2013, cinco estão em Minas Gerais, três no Piauí e dois na Bahia. A piauiense Manoel Emídio foi a campeã em desmatamento, com a perda de 31,3 km² de vegetação. De acordo com a SOS Mata Atlântica, a alta do desmate teria relação com o aumento da produção agrícola na região. A área de floresta eliminada em Manoel Emídio equivale à soma total do desmate registrado nas cinco cidades mineiras do ranking. Águas Vermelhas, Ponto dos Volantes, Itinga, Curral de Dentro e Novo Cruzeiro perderam juntas 31,3 km² de mata. Minas Gerais foi o estado que mais devastou o bioma, retirando 84,3 km² de vegetação; as principais causas do desflorestamento foram a extração de madeira para carvoaria e o plantio de eucalipto. Apesar do número elevado, o desmate foi 22% menor que o registrado anteriormente. O quadro apresentado por esse e outros estudos mostra ser fundamental a criação de um plano nacional para as florestas semelhante a outros já existentes relacionados com a saúde e moradia, por exemplo. É preciso brecar a perda de vegetação, além de reflorestar áreas sensíveis que já foram desmatadas dos biomas amazônico, do cerrado, do pantanal e da mata atlântica. Especialistas sugerem a correção de vários equívocos do recente Código Florestal Brasileiro e enfatizam a necessidade de investir cerca de 1% do PIB no plantio de florestas nas próximas duas décadas. Sem essas medidas, a água deixará de ser um recurso renovável e grandes áreas do Brasil passarão por um processo de desertificação, como em outros países de mesma latitude.