17/12/2014
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Clipado em 17/12/2014 20:42:31
RS: congresso sobre o Pampa será realizado em Pelotas

No aniversário de dez anos do reconhecimento do Pampa enquanto bioma, a união de esforços por sua preservação soa como um presente. O Pampa é um bioma diverso, com mais de 600 espécies florísticas, que representa 54% do território gaúcho. Mas, ao mesmo tempo, é considerado um dos mais degradados do Brasil. Para fortalecer as discussões sobre esse espaço territorial e ajudar a preservá-lo, representantes de diversas instituições se reuniram no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), na manhã desta quinta-feira (17), no lançamento oficial da primeira edição do "Congresso sobre o Bioma Pampa: reunindo saberes". O evento tem previsão de realização em novembro de 2015.

O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon, participou da solenidade enquanto parceiro na realização do congresso. Para ele, as oportunidades são imensas, mas a temática ainda precisa de maior governança por parte das instituições envolvidas. Já que, embora possuam bancos de dados relevantes, essas instituições, até então, ainda não haviam conseguido unir esforços. "Podemos produzir um boi aqui no bioma Pampa que não pode ser produzido no resto do Brasil, quiçá no mundo. E isso é um diferencial", completou. Pillon ainda colocou a energia e a estrutura da Embrapa à disposição dos trabalhos.

Para o diretor do Instituto de Biologia da UFPel e idealizador do evento, Althen Teixeira Filho, o Congresso será realizado para aproximar pessoas e ideias. "Que todos os critérios de desenvolvimento passem por questões humanas e não econômicas", disse. O professor afirmou ainda que a degradação tem influência direta sobre a vida das pessoas. "O ambiente que estamos tratando não está distante, mas próximo de nós", completou.

Nessa mesma linha, o gerente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) da região Sul, Paulo Duarte, afirmou que a insatisfação com a degradação do meio ambiente é que une os parceiros. "Não abdiquemos do desenvolvimento, mas cuidemos do meio ambiente". O gerente pontuou ainda que o evento será um espaço para levantar informações técnico-científicas para construção de políticas públicas voltadas à temática.

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Rosilene Maria Clamentin, também colocou a estrutura da Universidade à disposição e afirmou que o bioma Pampa ainda carece de novos estudos. "Que outros congressos venham sobre o tema."

O secretário adjunto da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Luiz Fernando Perello, concordou com Pillon ao dizer que existem várias ações de conservação do bioma, mas de maneira isolada. "Precisamos nos organizar nesse sentido. Nós estamos falando de forma muito esparça, mas temos base técnica e política para isso", pontuou. Para ele, a realização do congresso servirá para unir forças nessa preservação.

O promotor de justiça do Rio Grande do Sul, Rodrigo da Silva Brandalise, afirmou que o Ministério Público também é parceiro e está preocupado com o bioma. Brandalise buscou desmistificar a visão do promotor como alguém que busca atrapalhar e explicou que, geralmente, o problema chega quando já está consolidado. "Nós não queremos apenas a punição. Antes, nós queremos preservar o meio ambiente", completou.

Finalmente, a vice-reitora da UFPel, Denise Gigante, parabenizou a iniciativa e reafirmou a necessidade de unir as ações realizadas isoladamente na preservação do bioma Pampa. "54% é a maioria e precisamos nos preocupar com essa maioria", completou, se referindo à porcentagem do território estadual composta pelo Pampa.

Lista vermelha

Ao final da solenidade, a bióloga da Fepam, Andréia Maranhão Carneiro, apresentou os resultados de um trabalho de três anos sobre "A nova lista vermelha da flora ameaçada do Rio Grande do Sul", que atualiza o último levantamento, publicado em 2001. A lista vermelha é um inventário sobre o estado de conservação das espécies de determinada região. "Mas não é apenas uma lista", afirma. "É feita para que ações sejam realizadas, de maneira a retirar as espécies dessa lista. A ideia não é que aumente a cada levantamento", justifica.

Ao todo, 804 espécies estão ameaçadas de extinção no Estado e, destas, 206 criticamente ameaçadas. Dentre algumas presentes no bioma Pampa, estão em perigo oito espécies de butiá - todas as existentes no Estado -, o espinilho, as iridáceas, as cactáceas - mesmo o território gaúcho sendo o mais rico em presença de cactos no país -, e as orquidáceas. Além disso, sete espécies já foram consideradas extintas e 23 regionalmente extintas. Para a bióloga, doutora em Botânica, a realização do Congresso dará divulgação para as espécies que necessitam mais atenção.

Fonte: Embrapa Clima Temperado