31/10/2013
Zero Hora
Economia | Pág. 22
Clipado em 31/10/2013 04:10:41
USINA DE EMPRESAS
Incentivo impulsiona inovadoras
BNDES anuncia linha de R$ 400 milhões para empreendedores no país que inovem em tecnologia e soluções econômicas

O que seria de Cristóvão Colombo se a rainha Isabel, a Católica, soberana da Espanha, não tivesse financiado suas caravelas na expedição por mares nunca antes navegados? É provável que o descobrimento da América fosse pelo menos adiado.

Gestor da Inseed Investimentos, Gustavo Junqueira usou o exemplo épico de cinco séculos, ontem, no seminário Construindo Startups de Classe Mundial, em Porto Alegre, para mostrar que empreendedores precisam de um empurrãozinho para içar as velas dos seus projetos.

– Aqui no Brasil ainda é um movimento incipiente, mas avança – disse Junqueira.

Cunhado nos Estados Unidos, o termo startups evidencia – e há mais de uma definição – o empreendedor que traz novas ideias com alto potencial de crescimento. Normalmente, estão associados à tecnologia da informação e a produtos que revolucionam o mercado.

Ontem, no seminário realizado no Parque Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), empresários debateram a situação no Brasil. Há avanços, especialmente a partir das incubadoras universitárias, mas faltam políticas sólidas para fomentar as startups.

Um dos patrocinadores do evento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que aumentará as linhas de crédito, por meio do Criatec, como é chamado o fundo de investimentos de capital semente. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que serão liberados R$ 400 milhões, nos próximos meses, pelo Criatec 2.

– É para estimular a nova geração de empresários – ressaltou Coutinho.

O BNDES ampliou a participação em startups, de 50 empresas para 200 empresas. Três delas se expandiram a ponto de chegar à bolsa de valores. Uma delas aumentou o faturamento de R$ 250 milhões para R$ 1,5 bilhão, segundo o diretor de capital empreendedor do banco, Julio Ramundo.

– Estamos numa espiral crescente desde 2006 – disse Ramundo.

Empresários relataram suas experiências. Executivo da e.Bricks Digital, empresa do Grupo RBS, Luiz Maluf Santos observou que atua com empresários donos de projetos relevantes, que desejam se perpetuar e almejam mercados de US$ 1 bilhão. São startups com potencial de lucro imediato, e acima das expectativas.

Faturamento de empresa de fármacos dobra em um ano

Casos de sucesso foram narrados. Rodrigo Krug, da Cliever, consolidou o negócio com a fabricação de impressoras 3D. De duas por mês, atualmente vende de 25 a 30, inclusive para compradores fora do Brasil. A startup projeta vender cem impressoras por mês até o primeiro semestre de 2014, com expectativa de alcançar os mercados europeu e asiático.

– Conseguimos qualidade e competitividade com as concorrentes – informou Krug.

Rafael Madke, da Radiopharmacus, contou que começou há 11 anos prestando serviços ao Complexo da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre em medicina nuclear. Virou consultor de hospitais de São Paulo.

Expandiu a fábrica, na virada de 2009 para 2010, e hoje trabalha com fármacos para diagnóstico de imagem. O faturamento deste ano pode alcançar R$ 15 milhões – o dobro do registrado em 2012.

– Chega o momento em que é preciso crescer para não comprometer a empresa, e fizemos isso na hora certa e com êxito – disse Madke durante o evento.

O QUE SÃO STARTUPS
- Empresas de inovação com alto potencial de rentabilidade.

Na trilha do sucesso

Três startups mostraram, no Tecnopuc, como conquistaram mercados

Senior Soluti on, de São Paulo l Há 16 anos no ramo da tecnologia de informação, é provedora de software e serviços para bancos, seguradoras e financeiras do país. Desenvolveu o primeiro aplicativo brasileiro para bancos com o conceito de full banking system. Tem mais de 130 clientes. Seus produtos são utilizados pelos 10 maiores bancos do país.

Radiophar mac us, de Port o Alegre l Fundada em 2002, instalou-se no Tecnopuc dois anos depois. Trabalha com produtos e serviços no setor de medicina nuclear. Começou na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, depois avançou para São Paulo. Desde 2008, o grupo tem uma unidade produtiva que segue as normas mundiais sobre medicamentos.

Clie ver , de Port o Alegre l Começou no ano passado com a expectativa de vender uma ou duas impressoras 3D por mês, feitas a partir do plástico ABS, o mesmo das pecinhas do brinquedo Lego. Hoje, comercializa de 25 a 30 equipamentos por mês, para o Brasil e a América Latina. Com 150 grandes clientes, a Cliever virou sinônimo de impressora 3D.

RECEITAS

Sólidas relações de longo prazo com os clientes, sem receio de crescer e governança administrativa moderna

Diversificar os produtos, não se intimidar com a concorrência internacional e agregar os melhores profissionais

Não ter medo de competir com as gigantes dos EUA e da China, ter ousadia e apostar no talento dos jovens.