16/10/2012
Jornal NH
Comunidade | Pág. 10
Clipado em 16/10/2012 08:10:01
Desafios do melhor aproveitamento da água
Simpósio Gaúcho das Águas defendeu uso da chuva

Porto Alegre - A água da chuva como instrumento na melhora da produção agrícola e na garantia da segurança alimentar.

Essas foram algumas das considerações do Simpósio Gaúcho das Águas, realizado ontem no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa, na capital.

No foco, ideias e projetos para melhor aproveitamento e gestão dos recursos hídricos. Henricus Antonius Heijnen, representante da Organização das Nações Unidas (ONU), defendeu políticas públicas garantidoras de água para a população e frisou que o bem precisa ser potencializado no uso doméstico.

"O uso adequado da água da chuva poderia abastecer regiões semiáridas e substituir águas que contenham níveis elevados de componentes químicos", disse Heijnen.

Também palestrante, José Arturo Gleason Espíndola, da Universidad de Guadalajara, ressaltou que o potencial anual de precipitação de 900 milímetros pode armazenar 26 mil litros de água por ano. "Em Porto Alegre a captação poderia ser ainda maior, pois a média de precipitação é de 1,5 mil a 1,6 mil milímetros de chuva por ano", exemplificou.

ALTERNATIVAS

"A única maneira de aumentarmos a capacidade hídrica do Estado é infiltrar água e recarregar os aquíferos." A análise é do diretor do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional, Sérgio Sady Musskopf, um dos organizadores do Simpósio, ao observar a importância da criação de políticas públicas que reduzam impactos causados pela estiagem. Como alternativa, cita a captação de água da chuva.

2 bilhões em prejuízos

Na abertura do Simpósio das Águas o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Postal, fez um alerta aos prefeitos para o desafio na pauta do saneamento básico.

Segundo ele, índice elevado das cidades gaúchas mantém o despejo in natura do esgoto sanitário coletado nos reservatórios urbanos de água. Postal defendeu um sistema forte de irrigação nas regiões de maior ocorrência de estiagens e apontou que os prejuízos à produção agrícola com a seca superam os RS 2 bilhões.

Amenizar os efeitos do clima

A gangorra das estiagens e enchentes é uma dor de cabeça permanente para técnicos do Estado. Associadas ao fenômeno El Nifio e La Nifia, as intempéries acontecem desde 1886, diz Marco Mendonça, diretor do Departamento de Recursos Hídricos (DRH), da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Serra). Nos últimos dez anos, aponta ele, o Rio Grande do Sul teve mais estiagens do que enchentes. Para sair da situação reativa e buscar a pró-atividade, o governo gaúcho criou a Sala de Situação, que busca com proposições amenizar os efeitos metereológicos.

"Uma das prioridades é o Plano Estadual de Recursos Hídricos, que será apresentado em março do ano que vem", pontua Mendonça. Outras ações, são o Sistema Integrado de Regulação Ambiental, projeto de RS 15 milhões, e o Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres, ambos para 2014.

Desafios para a meteorologia

Coordenador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), Osvaldo Luiz Leal de Moraes falou dos desafios para a ciência metereológica auxiliar no melhor gerenciamento dos recursos hídricos. Segundo o especialista, o País não dispõe de sistemas tecnológicos que possibilitem aos cientistas definir com precisão a previsão do tempo. "Nunca vamos conseguir fazer uma previsão 100%, pois não se consegue fazer uma identidade absoluta do fenômeno", frisou.

COMO REAPROVEITAR

Para instalar o reservatório, procurar área disponível abaixo do nível do coletor principal da água da chuva (é a tubulação que direciona a água coletada para a rua)

Fazer furos na tubulação com uma conexão tipo Y ou T e interligá-la a uma caixa d' água com boia

Colocar pedriscos (brita tipo 1) até a metade do reservatório, que atuará como filtro

Interligar as caixas d'água

Instalar bomba e torneira em uma das caixas d'água.

SAIBA MAIS

Conforme a assessoria de imprensa da Comusa - Serviços de Água e Esgotos de Novo Hamburgo, a autarquia não dispõe de projeto para armazenamento ou aproveitamento da água da chuva. Entretanto, estimula e onenta quem deseja criar sistemas para períodos de estiagem.