05/09/2012
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Política
Clipado em 05/09/2012 07:26:08
A praxe: deputados gaúchos disputam eleição sem pedir licença de seus cargos
Apenas Manuela D’Ávila, entre 14 parlamentares, se afastou do Legislativo para fazer campanha

Dez integrantes da Assembleia concorrem a prefeito, mas todos seguem atuando no parlamento
Foto: Jean Schwarz / Agencia RBS
JULIANA BUBLITZ
juliana.bublitz@zerohora.com.br
De 14 parlamentares gaúchos que concorrem a prefeito no Rio Grande do Sul, apenas um — a deputada federal Manuela D'Ávila (PC do B) — se licenciou do mandato para se dedicar à campanha.

Os demais, até ontem, seguiam brigando por uma vaga no Executivo sem abrir mão do contracheque no Legislativo, cujo valor ultrapassa R$ 20 mil mensais.

Embora a lei permita a dupla jornada, um dilema moral se impõe: será possível exercer as duas atividades simultaneamente, sem prejuízo ao bem público?

A única a se afastar da função evita polemizar, embora tenha optado pelo que considera "o mais correto". Em 2008, quando disputou a prefeitura da Capital pela primeira vez, Manuela escolheu se dividir. Este ano, quis dedicar tempo integral à eleição e abdicou do salário de R$ 26,7 mil:

— Foi uma decisão difícil, mas justa com quem votou em mim.

Os dois principais adversários da comunista continuam em seus cargos. O deputado estadual Adão Villaverde (PT) garante que "não há nenhuma incompatibilidade" e o prefeito José Fortunati (PDT) diz trabalhar "24 horas por dia".

Especialista condena uso de verba pública

Dos outros três deputados federais em campanha, somente Ronaldo Zulke (PT), de São Leopoldo, pretende pedir afastamento. E promete fazer isso hoje.

Entre os deputados estaduais, Jorge Pozzobom (PSDB), que concorre em Santa Maria, estuda a possibilidade de se desligar por 15 dias. O restante, por enquanto, tende a permanecer no posto — e não vê impedimentos morais nem físicos.

— O povo me elegeu deputado. Se entender que devo ser prefeito, então me afastarei. Antes disso, acho que seria incorreto — avalia Alexandre Lindenmeyer (PT), candidato em Rio Grande.

Vale lembrar que os deputados estaduais podem ter até quatro faltas por mês sem sofrer desconto em folha. Para o cientista político Bruno Wilhelm Speck, da Unicamp, não há problemas nisso nem na dupla jornada, com uma exceção:

— O parlamentar deve cumprir suas obrigações e não pode abusar dos recursos de que dispõe em função do cargo. Não pode, por exemplo, usar carro da Assembleia para fazer campanha, nem os assessores.

Hoje, graças a informações disponibilizadas na internet, é possível acompanhar a rotina dos legisladores e saber, pelo menos, se estão indo às sessões. Caso as ausências sem justificativa se multipliquem durante a corrida eleitoral, o eleitor pode levar isso em conta na hora de definir o voto.

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